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Presidente do Sinpcresp denuncia adoecimento nas Polícias de São Paulo

Deputado Reis recebe presidente do Sinpcresp, Bruno Lazzari. Foto: Reprodução

A crise de saúde mental entre os profissionais da Segurança Pública do Estado de São Paulo foi o principal tema abordado durante o Encontro de Entidades de Classe das Polícias, realizado no dia 24 de abril, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). O evento, voltado para o debate da campanha salarial de 2025, reuniu representantes de diversas categorias policiais e revelou um cenário alarmante vivido por Peritos Criminais e demais agentes da área.

Em seu pronunciamento, o presidente do Sindicato dos Peritos Criminais do Estado de São Paulo (Sinpcresp), Bruno Lazzari, fez um alerta contundente sobre o impacto psicológico enfrentado por esses profissionais. “A maioria dos telefonemas que recebo hoje são de colegas pedindo orientação sobre como se afastar por questões psicológicas. A Polícia do Estado de São Paulo está doente”, afirmou. Segundo ele, o adoecimento não se restringe a uma categoria específica, mas atinge toda a estrutura da Segurança Pública paulista.

Salários defasados, sobrecarga e falta de efetivo: a “tríade do mal”
Lazzari atribuiu o colapso emocional dos Servidores à combinação de três fatores: salários defasados, excesso de trabalho e falta de efetivo — o que ele chamou de “tríade do mal”. Segundo o dirigente sindical, enquanto a média nacional de aumento real dos salários dos Peritos Criminais ultrapassou 80% na última década, em São Paulo esse índice ficou abaixo de 40%. Hoje, o salário inicial de um Perito no Estado é de R$ 13.739, significativamente inferior à média nacional de R$ 20 mil. Em Estados como Rondônia e Roraima, os valores chegam a R$ 30 mil.

“Os Policiais que mais trabalham são os que menos recebem. Os Delegados estão em 24º lugar no ranking nacional de salários, e os Peritos Criminais em 19º. É uma distorção que impacta diretamente na saúde mental e no futuro da profissão”, salientou Lazzari.

Fuga de profissionais e desequilíbrio de carga
O baixo reconhecimento e a sobrecarga têm levado muitos profissionais a deixarem o Serviço Público paulista. Nos últimos três anos, o índice de evasão de Peritos subiu de 4% para 18%. “Estamos formando profissionais altamente qualificados aqui, com grande volume de experiência prática, e eles estão indo para outros Estados. São Paulo está perdendo seus melhores quadros”, lamentou o presidente do Sinpcresp.

Esse êxodo ocorre mesmo diante de uma demanda crescente. Os dados apresentados por Lazzari mostram que os Peritos de São Paulo, que representam apenas 19% do efetivo nacional, respondem por 54% das requisições policiais do País. Em termos de produção de laudos, o Estado lidera com folga: são cerca de 1 milhão de laudos técnicos produzidos por ano. Para efeito de comparação, Minas Gerais, segundo colocado, produz 400 mil, e o terceiro Estado não ultrapassa 250 mil.

Ausência de políticas de acolhimento
Além das questões estruturais, Lazzari criticou a ausência de políticas públicas voltadas ao acolhimento e à preservação da saúde mental desses Servidores. “O Estado e as instituições não sabem como lidar com essa realidade. Não há protocolos claros de apoio psicológico, nem estrutura adequada para prevenir o adoecimento”, denunciou.

A fala do presidente do SINPCRESP reforça a urgência de medidas concretas não apenas para reajustes salariais, mas também para a valorização humana dos profissionais da Segurança Pública. Segundo ele, enquanto não houver uma ação coordenada do Poder Público, a crise só tende a se aprofundar.

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