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Custo da cesta básica dispara em 15 capitais, aponta Dieese

Aumento da cesta básica tem sido peso insustentável para o bolso dos trabalhadores. Foto: Jornal Paraíba Já/Reprodução.

O mais recente levantamento do Dieese revela uma realidade alarmante: o custo da cesta básica aumentou em 15 das 17 capitais brasileiras pesquisadas pela entidade, entre março e abril de 2025. Com isso, o que deveria ser mínimo — o acesso à alimentação — está se tornando um peso insustentável para o bolso dos trabalhadores.

São Paulo lidera mais uma vez como a capital com o maior valor da cesta, que chegou a R$ 909,25 – um aumento de 3,24% em apenas um mês. Outras capitais, como Porto Alegre (5,38%), Recife (4,08%) e Vitória (4,05%), também enfrentaram aumentos expressivos. No acumulado de 12 meses, São Paulo amarga uma alta de 10,50% no custo dos alimentos básicos.

Enquanto isso, o salário mínimo continua muito aquém do necessário. O Dieese calcula que, para garantir alimentação, moradia, saúde, educação, transporte, lazer e previdência — como prevê a Constituição —, o mínimo deveria ser de R$ 7.638,62. Isso representa mais de cinco vezes o valor atual, de R$ 1.518,00.

Custo alto, salário baixo

O que os números mostram é o que a classe trabalhadora já sente todos os dias: o custo de vida sobe, mas os salários não acompanham. Em São Paulo, um trabalhador que ganha o salário mínimo precisou comprometer quase 65% da sua renda líquida só com alimentação. Em outras palavras, sobra pouco — ou nada — para o restante das necessidades básicas de uma vida digna.

O tempo de trabalho necessário para pagar a cesta também aumentou. Em abril, foram 131 horas e 47 minutos de jornada só para garantir a alimentação de uma família. Isso é reflexo direto da escalada nos preços de produtos como tomate (19,13%), batata (11%) e café em pó (10,22%) — esse último, com alta acumulada de 65,74% em 12 meses.

Salário justo para uma vida digna

Esse cenário reforça o que os movimentos sindicais vêm denunciando há anos: não há justiça social sem valorização do trabalho. O aumento da cesta básica escancara o desequilíbrio entre o que se paga e o que se cobra do trabalhador. Enquanto os preços sobem, a renda permanece estagnada.

Não se tratam apenas de números e percentuais, tratam-se das condições reais de vida da população. Garantir acesso à alimentação e a uma renda compatível com as necessidades básicas é um compromisso com a dignidade. Não é aceitável que justamente quem sustenta a estrutura produtiva do País continue sendo o mais impactado pelas dificuldades econômicas.

Relatório do Dieese
Clique aqui e acesse o relatório na íntegra.

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