Reforma do Imposto de Renda é caminho para a justiça tributária

Com foco em combater a desigualdade social e promover justiça fiscal, a Jornada Nacional de Debates – Reforma do Imposto de Renda: um passo para a justiça tributária, do Dieese, reuniu lideranças sindicais, economistas e representantes de entidades do movimento sindical em torno de um tema urgente: a necessidade de reformar a tabela do Imposto de Renda no Brasil.
A abertura do evento foi conduzida pelo economista Fernando Lima, que convidou à mesa inicial representantes das Centrais Força Sindical, CUT, CTB, UGT, Nova Central, Intersindical e CSB. Durante o debate inicial, os representantes denunciaram o travamento das votações legislativas no Congresso Nacional, apontando que há um bloqueio sistemático por parlamentares bolsonaristas e da extrema-direita de projetos que atendam aos interesses da população – em especial o Projeto de Lei1.087/2025, que propõe isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês.
De acordo com João Carlos Gonçalves, o Juruna, da Força Sindical, é essencial que a esquerda lance mais nomes que representem de fato a classe trabalhadora: “Precisamos eleger representantes que rompam com projetos que só beneficiam os mais ricos e abandonam os mais pobres”, destaca.
Juvândia Moreira, representando a CUT, seguiu na mesma linha. “É um Congresso contra a classe trabalhadora”, afirma a dirigente bancária. Enquanto o presidente da UGT, Ricardo Patah, questionou a isenção de grandes fortunas em detrimento dos trabalhadores: “Os grandes lucros dos empresários são isentos de Imposto de Renda. Por que o trabalhador não é isento de imposto na PLR?”
Em seguida, a diretora-técnica do Dieese, Adriana Marcolino, apresentou as desigualdades persistentes com a atual política tributária do Brasil. Em sua fala, ela enfatizou que a correção da tabela do IR é apenas o primeiro passo de uma longa jornada rumo a uma justiça tributária real no País. Segundo ela, “um dos mecanismos de redistribuição de renda é o ciclo tributário, que foi sendo desmontado ao longo dos anos pelo avanço do neoliberalismo no Sul Global”.
O Brasil, segundo os dados apresentados, ocupa a 13ª colocação entre 136 países no ranking de concentração de renda no topo, o que demonstra o caráter profundamente desigual do sistema tributário atual.
Fessp-Esp
A Federação esteve presente no evento, representada pela diretora Kátia Rodrigues e pelo assessor de comunicação, Renato Luque. Segundo Kátia, este debate promovido pelo Dieese é extremamente necessário para que haja uma correção no sistema tributário do Brasil.
“Com os dados apresentados, as direções sindicais presentes terão melhor conhecimento sobre o tema, e poderão levar para discussão nas bases representadas. Dessa forma, com a unidade da classe trabalhadora, é possível conquistar esta isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês, além de iniciar uma grande jornada para a justiça tributária e social”, completa a dirigente.
Ainda de acordo com Lucas Colucio, economista responsável pela subseção do Dieese na Federação, Servidores Públicos do Estado de São Paulo podem ser beneficiados caso seja aprovado este Projeto de Lei. “Hoje, dos quase 500 mil Servidores ativos no Estado de São Paulo, cerca de 126 mil Servidores serão favorecidos com a isenção do imposto até R$ 5 mil. Além deles, outros 130 mil podem ser beneficiados com o desconto progressivo na alíquota que será aplicado para quem ganha entre R$ 5.000 e R$ 7.350 por mês”, conclui o economista.
A Jornada Nacional de Debates reforçou o papel do movimento sindical na luta por uma reforma tributária justa, que combata privilégios e devolva ao sistema sua função redistributiva. A reforma do Imposto de Renda é só o começo.