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Presidente da Fessp-Esp participa de mobilização de servidores da segurança pública contra o reajuste de 5% dos salários pretendido pelo governador João Doria

Inês Ferreira

“Se não melhorar o sistema vai parar”. Com esse grito de guerra centenas de agentes penitenciários se uniram a outros servidores, em frente a Secretaria de Segurança Pública, ontem, no centro da Capital, para protestar contra o índice de 5% de reajuste salarial proposto pelo governador João Doria. Cerca de 10 mil servidores da área de segurança participaram do protesto.

 

Lineu Neves Mazano, presidente da Fessp-EP participou do evento. Mazano é também secretário-Geral da CSPB (Confederação dos Sindicatos dos Servidores Púbicos do Brasil) e presidente do SISPESP (Sindicato dos Servidores Púbicos do Estado de São Paulo).
Para Lineu Neves Mazano, presidente Fessp- Esp (Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos no Estado de São Paulo) o protesto é o mínimo que os servidores podem fazer diante de um governo que trata os servidores da forma que Doria está tratando.

“ A segurança pública é o braço forte braço do governo e está presente 24 horas na vida dos cidadãos do Estado de São Paulo. A categoria tem uma perda salarial de 30% e governo vem com uma reposição salarial de 5% para o próximo ano – isso é uma vergonha. Isso é uma afronta. Temos certeza que muitos outros protestos e muito mais forte virão e mudarão o conceito desse governo, obrigando ele a respeitar os servidores públicos”, disse Mazano.

Motivo do protesto

Os servidores não aceitam o índice de reposição e o considera baixíssimo. O último reajuste de salários dos agentes prisionais ocorreu em 2018 e foi de 3,5%. Estima-se que defasagem salarial da categoria chegue a 36%.

O projeto de reajuste foi anunciado no último dia 30 de outubro e ainda deverá ser apreciado pela Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), podendo receber emendas dos deputados estaduais. Até lá os servidores prometem não dar sossego a Doria e também convencer os deputados para que não aprovem o índice pretendido pelo governo.

A marcha
Filiados e diretores do SINDCOP estavam na mobilização que teve início, por volta das 14 horas, na Avenida Ataliba Leonel, em frente ao prédio da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária).

No local, centenas de agentes penitenciários liderados pelos três sindicatos que representam a categoria (SINDCOP, SINDASP E SIFUSPESP) e o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) chamaram à atenção da população e dos servidores que trabalham na SAP, para o descaso do governo.

Na ocasião, o presidente do SINDCOP, Gilson Pimentel Barreto parabenizou a participação dos agentes penitenciários que estavam na mobilização. Ele falou sobre a insatisfação geral dos servidores da segurança pública e cobrou mais participação da categoria.

“Precisamos de mais mobilização. Os três sindicatos estão fazendo a sua parte. Precisamos que a categoria manifeste sua insatisfação. Mobilização virtual é fácil, precisamos ocupar as ruas. Os 5% de reajuste concedido por Doria uniu toda a segurança pública. Isso é só o primeiro passo”, disse o presidente.

Depois da fala dos presidentes dos sindicatos os servidores marcharam em direção ao centro de São Paulo. Na frente dos servidores havia dois carros de sons, um deles com um caixão simbolizando a morte do reajuste de 5%.

Sob um forte calor, os servidores penitenciários percorrem 6 quilômetros gritando palavras de ordem e denunciando à população o descaso do governo. Durante o percurso não faltou adjetivos negativos a Doria – o que mais se ouviu foi “marqueteiro” e “mentiroso”.

Muitos servidores aproveitaram o carro de som para desabafar sua insatisfação com o governo. Entre eles estava o blogueiro do sistema prisional Leandro Leandro.

“Quem nos chama de vagabundo é quem está vendendo o Estado de São Paulo”, disse Leandro, fazendo alusão as declarações do governador que chamou os servidores de “vagabundos”, em outubro deste ano.

Ao sair do viaduto do Chá, os servidores, em marcha, foram recebidos com palmas por policiais civis, militares e peritos criminais que já estavam em frente a Secretaria de Segurança Pública desde às 14 horas.

O presidente do SINDCOP foi convidado a subir no caminhão de som onde falou para a multidão, junto com outras lideranças sindicais.

“Os servidores de segurança precisam ser reconhecidos não só na mídia, onde o governo se vangloria e se valoriza a custa dos servidores de segurança pública. Queremos reconhecimento através dos salários. Ou o governador revê o pseudo reajuste da categoria ou o estado vai parar”, disse ele.

Governo debochado
O senador Major Olímpio (PSL), que participou do manifesto, disse que o reajuste de Doria é “uma vergonha. Segundo ele, os outros governadores foram “macabros” e acabavam “se mancando”, mas “ Doria é debochado demais”.

“Ele disse que vai arrebentar com a gente e arrebenta mesmo”, afirmou.

Aos servidores penitenciários o senador mandou o seguinte recado:
“- Não precisa fazer greve. Em vez de entrar 500 visitas de presos no final de semana é só entrar cinco. É uma operação padrão. É só cumprir a lei”, disse o senador.

O deputado federal Coronel Tadeu (PSL) também criticou o reajuste.

“5% é mais um tapa na cara na área de segurança púbica. Aguarde governador. Aguarde. Sua carreira política vai ter fim”, afirmou o deputado.

Protestos irão continuar
No final do evento o presidente do SINDCOP avaliou que a união dos servidores da área de segurança pública foi positiva e fortaleceu a luta contra o governo.

“Hoje é só o primeiro protesto de muitos que virão. Vamos ocupar a Alesp”, afirmou.

Segundo Barreto, o ideal seria que o executivo retirasse o projeto de reajuste e colocasse outro que realmente valorize os servidores de segurança do estado.

“Ele (Doria) elogia tanto os servidores, mas na hora de reconhecer por meio do salário, que é o que vai dar dignidade ao servidor de segurança, ele (Doria) não cumpre”, concluiu Barreto.

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